Photo: Ernesto Rodrigues with Tischa Mukarji
A versão da Variable Geometry Orchestra que actuou sábado, 23 de Junho de 2006, no Teatro Nacional D. Maria II, no âmbito do ciclo "Músicas no Átrio do TNDM II, à Meia-Noite", deu bem a medida da reacção química que se produziu durante os perto de 45 minutos que demorou a exposição de música composta, harmonizada e executada em directo, sob a direcção de Ernesto Rodrigues. Ernesto parametrizou a música através de breves indicações dadas aos executantes sobre tempo, dinâmicas e intensidade requeridas em cada um dos andamentos, desde o início marcado pelo sincopado das baixas frequências da electrónica de Adriana Sá, até à grande massa sonora que explode, estilhaçando em todas as direcções. Free jazz e improvisação orquestral ao serviço da reinvenção do conceito de big band. Catarse colectiva apontada em direcção ao espaço, com os mais diversos apontamentos pelo meio, linhas cruzadas e sucessivas de duos, trios, quartetos, a que se foram adicionando outros instrumentos, num trabalho colectivo de grande envergadura.
Nessa medida, é absolutamente fascinante sentir o chão a tremer debaixo dos pés, como se a música irrompesse do centro da Terra e explodisse magnífica diante dos músicos e do público, que enchia por completo a sala. Espaço que chegou a ser exíguo para conter os infindável labirinto de corredores harmónicos, a luxuriante selva de texturas que naturalmente se agrupam em estruturas que são elas próprias momentos de improvisação colectiva de elevado calibre, que abriram espaço para breves intervenções solísticas de Jorge Lampreia (flauta e saxofone soprano), Alípio Carvalho Neto (saxofone tenor) e Sei Miguel (trompete de bolso), a partir das quais o grupo, ouvindo e reagindo às indicações, extrapolou para os mais diversos clusters de associações tímbricas, até tudo se diluir na grande voz – energia assustadora, beleza primitivista e sofisticada na sua complexa simplicidade. Música que transcende os seus próprios limites, montada numa arquitectura sonora que se eleva às alturas, para depois implodir e retomar ao ponto em que se lança a primeira pedra. Vida, liberdade e celebração. Eduardo Chagas (Jazz e Arredores)
Nessa medida, é absolutamente fascinante sentir o chão a tremer debaixo dos pés, como se a música irrompesse do centro da Terra e explodisse magnífica diante dos músicos e do público, que enchia por completo a sala. Espaço que chegou a ser exíguo para conter os infindável labirinto de corredores harmónicos, a luxuriante selva de texturas que naturalmente se agrupam em estruturas que são elas próprias momentos de improvisação colectiva de elevado calibre, que abriram espaço para breves intervenções solísticas de Jorge Lampreia (flauta e saxofone soprano), Alípio Carvalho Neto (saxofone tenor) e Sei Miguel (trompete de bolso), a partir das quais o grupo, ouvindo e reagindo às indicações, extrapolou para os mais diversos clusters de associações tímbricas, até tudo se diluir na grande voz – energia assustadora, beleza primitivista e sofisticada na sua complexa simplicidade. Música que transcende os seus próprios limites, montada numa arquitectura sonora que se eleva às alturas, para depois implodir e retomar ao ponto em que se lança a primeira pedra. Vida, liberdade e celebração. Eduardo Chagas (Jazz e Arredores)
Sem comentários:
Enviar um comentário