quinta-feira, 30 de julho de 2015

O OUTRO LADO DA CREATIVE SOURCES


photo: Ernesto Rodrigues, Nuno Torres & Maria Radich

O outro lado da Creative Sources

A editora de Ernesto Rodrigues não publica apenas as novidades do reducionismo e da improvisação electroacústica. O seu catálogo inclui também alguns títulos com instrumentações mais convencionais e um mais claro alinhamento com o jazz. Analisamos aqui sete exemplos recente.

A Creative Sources é habitualmente identificada com a corrente reducionista da improvisação, e quando assim não acontece o que se sublinha é o seu alinhamento com as actuais tendências da música electroacústica tocada em tempo real. E no entanto… o selo lisboeta dirigido pelo violetista Ernesto Rodrigues lança, igualmente, alguns registos do autodesignado jazz criativo ou próximos da tradição do free jazz. Aqui em análise estão sete exemplos (mais do que se poderia esperar, na verdade) desse investimento lateral, publicados no último ano.
Se não fossem alguns dos nomes mais conhecidos (John Edwards, Mark Sanders, Jacques Di Donato, Floros Floridis, Alexander Frangenheim, Roger Turner…), a consulta dos instrumentários nas fichas técnicas bastaria para perceber que estes discos não condizem com a orientação habitual da editora. As combinações de timbres são bem mais convencionais, com a clássica secção rítmica com bateria, contrabaixo e, às vezes, piano atrás de um ou mais sopros e de outros instrumentos melódicos e solistas. Ainda que as músicas tocadas fujam aos padrões e pouco fique das jazzísticas hierarquizações de naipes.

Como não podia deixar de ser, esta outra, e menos comentada, vertente da Creative Sources surge com vários matizes. Pode ir desde a mais explícita incursão na estética do grito inaugurada por Albert Ayler, aquilo a que os improvisadores mais experimentais chamam – mal ou bem – ”old school”, até uma música exploratória com vagas ligações reminiscentes com a gramática e o património do jazz. Entre um “estado” e o outro passando por diversos níveis de relacionação com essa matriz, entre distanciamentos e aproximações.  Vejamos como, caso a caso… Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)