quarta-feira, 16 de junho de 2010


[...] Para o encerramento do Sonic Scope 2009 ficou guardada a Variable Geometry Orchestra, a orquestra “all-star” da improvisação lusa, liderada e “conduzida” pelo violinista Ernesto Rodrigues. Cada vez mais moderada, mais controlada, a orquestra VGO deixou de ser um bicho selvagem para se tornar num animal parcialmente domesticado. Longe vão os tempos em que as actuações consistiam em erupções enérgicas do tipo “vai-acima-vai-abaixo”. Agora a música obedece às regras bem definidas do maestro Rodrigues: Ernesto controla o ritmo, controla a entrada e saída de cada secção, distribui funções por cada músico, esforça-se por manter o equilíbrio possível num grupo que incorpora técnicas e linguagens muito distintas entre si. Se por um lado se perdeu alguma daquela energia inicial, por outro lado passou a ficar em evidência o trabalho de detalhe de cada músico – e a vintena de músicos que actuou no Maria Matos não poupou nos pormenores individuais. Nesta actuação no Sonic Scope a secção das electrónicas (que contou com o convidado internacional Wade Matthews, de passagem por Lisboa) foi vítima de um volume demasiado elevado, mas de resto a música viveu numa saudável contenção. Numa tentativa de encontrar paralelismos poderíamos invocar as formações “Cobra” de Zorn, as conduções de Butch Morris ou o ensemble electro-acústico de Evan Parker, mas esta VGO distingue-se por uma criar uma atmosfera especial. É difícil explicar, talvez só assistindo a uma actuação ao vivo ou ouvindo o triplo-álbum Stills se consiga perceber (ou sentir) a alquimia desta música. Nuno Catarino (Bodyspace)

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