quarta-feira, 16 de junho de 2010











Photo: Ernesto Rodrigues with Potlatch


Perante um público interessado e entusiasta, a Variable Geometry Orchestra, em formato de média dimensão (14 elementos) actuou ontem, 12 de Junho, à noite (22h00) ao ar livre numa praça do Centro Histórico de Abrantes, no âmbito das festas populares que ali decorrem de 9 a 14 de Junho, comemorativas dos 90 anos da elevação de Abrantes a cidade.
Foram executadas duas peças de composição instantânea, uma de exposição mais demorada e outra muito curta, breve epílogo a rematar a actuação de cerca de uma hora, preenchida com longos drones sucessivamente sobrepostos, ricos em tonalidades quentes. Sons de cordas, saxofones, acordeão, melódica e clarinete, combinados com as asperezas dos metais e o anguloso da electrónica (digital e analógica) e da percussão, elevaram a música a momentos de tamanha intensidade, fervor e clímax sonoro, alternando com ambientes mais suaves, impressionistas e quase melancólicos, na descida aos subterrâneos.
De novo à superfície, intervalados por passagens de alto volume e densidade polifónica, perigosas e ameaçadoras no seu enunciado, serviram os diferentes andamentos de plataforma para a moderada exposição solística por dentro e por cima da massa sonora, explorando as nuances tímbricas dos instrumentos e a imensa paleta de recursos, tonalidades, movimentos rítmicos e texturas que caracterizam o som da VGO. Que cada vez mais se refina e concentra na subtil exploração das imensas possibilidades da improvisação colectiva, exponencialmente alargadas através da (re)combinação harmónica de todos os sons válidos e disponíveis entre as alturas celestes e os infernais abismos.
Eduardo Chagas (Jazz e Arredores)

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