sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Ernesto Rodrigues em versão BIG

 



Improvisar sem partituras com uma orquestra ou um grupo com grande número de elementos é particularmente difícil, havendo mesmo quem jure ser impossível. O violetista de Lisboa encontrou nisso um desafio e com projectos como Variable Geometry Orchestra, IKB, Suspensão e Diceros vem ultrapassando problemas e propondo maravilhas. A jazz.pt ouviu os discos…

Há três figuras que ganharam o estatuto de pivôs da cena da improvisação em Portugal. Um devido ao seu pioneirismo, dando origem a uma movimentação que tem crescido exponencialmente, outro porque criou um sistema muito específico que se tornou num modelo referencial e um terceiro que vem mobilizando um grande número de músicos das mais variadas áreas em torno dos seus projectos. No primeiro caso está Carlos “Zíngaro”, com a mais-valia de se ter mantido na linha da frente de uma música continuamente em renovação. No segundo, evidencia-se Sei Miguel, com metodologias que influenciaram decisivamente as práticas de algumas importantes figuras hoje em actividade, começando por Rafael Toral, Manuel Mota e Pedro Gomes. Finalmente, no terceiro caso encontramos Ernesto Rodrigues, cujos “ensembles” alargados envolvem uma boa parte dos agentes da cena lisboeta da música improvisada, independentemente das suas orientações estéticas.Mas não é só: as mais recentes edições das “big bands” de Rodrigues, designadamente Variable Geometry Orchestra (mais conhecida como VGO), IKB, Suspensão e a recém-estreada Diceros, têm dado novos e muito positivos contributos para esse difícil empreendimento que é improvisar – sem partituras nem motivos previamente estabelecidos – em formato orquestral. Nesse aspecto, também ele tem uma fórmula pessoal para enfrentar os problemas organizacionais levantados pelo contexto. Uma perspectiva muito sua, e transferida dos pequenos grupos de que partiram para outros que vão dos oito elementos a quase 50, dos conceitos propostos pelo Spontaneous Music Ensemble de John Stevens e pelos AMM de Cornelius Cardew, tendo como exemplos pelo meio o que fez a Globe Unity Orchestra e mais recentemente a London Improvisers Orchestra. Outras referências parecem ser John Cage (uso do silêncio), Morton Feldman (não-linearismo) e Emmanuel Nunes (os, no compositor, característicos “alongamento” e “dobragem” das estruturas musicais). Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)


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