Tenho a sensação que os velhos tempos de covid estão a ficar para trás. Pelo menos no que toca reabertura de concertos. Ainda bem. Todos: músicos e público, estávamos a precisar desta lufada sonora.
O palco desceu à plateia. E assim ficámos prontos para receber frente a frente a parede compacta de som que foi avançando como uma onda até ficarmos todos submersos.
Os intrumentos foram explorados até ao limite daquele momento. Os músicos fundiram-se nas memórias do espaço centenário, fundiram-se entre eles, e com o público.
O momento foi uno, cíclico. Completo. A perfeição da música encontra-se, às vezes, no respeito absoluto do espaço interno e da clareza da sua materialização que se vê reflectida nos rostos de quem ouve.
Não poderia ter sido um frente a frente mais franco. Aquela onda sonora continuou a invadir o meu silêncio pelo resto da noite.
Os responsáveis: Ernesto Rodrigues, Rodrigo Amado, João Almeida, Miguel Mira & João Valinho. Sofia Freire (Letra Crónica)
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