quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
L'ART D'ERNESTO RODRIGUES, LE VIOLONISTE ALTO
photo: Ernesto Rodrigues
Parmi les musiciens nouveaux venus dans la scène improvisée radicale internationale au début des années 2000 et qui apportèrent une nouvelle dimension au développement de la musique improvisée, il est impensable d’omettre l’altiste portugais Ernesto Rodrigues. J’imagine que le critique lambda pensera « Ah oui, il a un label et il joue aussi ». Mais il se fait que son catalogue a atteint 340 références en offrant des produits soignés avec des prises de son impeccables tout en publiant exclusivement les musiques les plus pointues. Point de ralliement d’une nouvelle génération « réductionniste » (Denzler, Guionnet, Mariage, Sehnaoui frère et sœur, Mazen Kerbaj, Birgit Ulher, Heddy Boubeker, Rhodri Davies, Masafumi Ezaki, Rodrigues père et fils, Jason Kahn, Axel Dörner, Wade Matthews, Stéphane Rives, Bertrand Gauguet, David Chiesa, Boris Baltschun, Kai Fagaschinski, Carlos Santos et nombre d’artistes sonores expérimentaux), le catalogue CS s’est étoffé petit à petit avec des artistes tels que Richard Barrett, Stefan Keune, Jacques Demierre, Ute Wassermann, Alexander Frangenheim, Jacques Foschia, Isabelle Duthoit, Ariel Shibolet.. Sans pour autant rechercher les pointures, c’est un peu par hasard qu’on y trouve Jon Rose, Roger Turner, Gunther Christmann ou Urs Leimgruber et quelques chefs d’œuvre comme ceux que je viens de chroniquer cette semaine. Non content de travailler comme un fou pour son label, Ernesto Rodrigues a rencontré une multitude d’improvisateurs de quasiment tous les pays d’Europe, suscitant de superbes rencontres. Très austère au départ, sa pratique de l’instrument me l’avait fait qualifier (en souriant) de travail d’ébéniste, tant son chantournage maniaque faisait crisser et grincer l’archet comme si c’était un couteau à bois dans mobilier squelette, univers où la pulsation même la plus décalée et la moindre trace de mélodie était inexorablement évacuée. On aurait cru que les bois de son violon alto et du violoncelle de Guilherme gémissait et criait sous une torture sadique. Cet univers à la fois cartésien et intériorisé a culminé dans London, un enregistrement de concert assez court avec son fils Guilherme au violoncelle, Alessandro Bosetti au sax soprano, Angarhad Davies au violon, et Masafumi Ezaki à la trompette, ou Drain, un intrigant trio de cordes avec Guilherme Rodrigues, à nouveau, et le violoniste Mathieu Werchowski. Jean-Michel van Schouwburg (Orynx)
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
LES CREATIVE SOURCES NE SE TARISSENT POINT
photo: Ernesto Rodrigues
Creative Sources est devenu un label qui compte au fil des ans avec un catalogue énorme (plus de 330 références). S’il fonctionne sur le mode de l’auto-production des artistes impliqués, Ernesto Rodrigues veille à ce que la musique produite révèle de nouveaux talents, des produits soignés, une recherche expérimentale assumée et intéressante ou de l’improvisation libre pointue de haute qualité, exigeante. De plus en plus souvent, on y découvre de vraies perles dans le domaine de l’improvisation libre, au-delà du parti pris de la démarche réductionniste radicale, new silence, soft noise, EAI (etc) sans concession qui fut la marque de fabrique de CS à leurs débuts et dont Ernesto est un remarquable praticien. Un vrai plaisir de l’écoute partagé. En outre, le graphisme des pochettes cartonnées (depuis peu!) est superbe grâce au travail du fidèle Carlos Santos. Le noyau de Rodrigues père et fils (Guilherme) ont produit des dizaines d’albums intéressants dans une belle démarche radicale en compagnie d’improvisateurs issus d’horizons divers. Certains albums sont réellement de vraies réussites comme l’orchestre IKB. Et donc, comme plusieurs labels historiques passent tout doucement la main (Incus, Emanem, Psi, FMP, NurNichtNur), d'autres cessent leur activité ou s’alignent sur un jazz libre de bon aloi (Intakt), notre label portugais est devenu une référence incontournable. Jean-Michel van Schouwburg (Orynx)
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
CREATIVEFEST 9
photo: Ernesto Rodrigues
Contando este ano com 14 anos de actividade ininterrupta, num catálogo imponente com mais de 300 edições, a editora de Ernesto Rodrigues tem vindo a sedimentar uma visão profundamente idiossincrática por entre os meandros da música improvisada, com um vigor e propriedade únicos. Embora habitualmente conotada com as estratégias da improvisação lower case e do reducionismo, que têm no seu mentor um dos nomes mais fulcrais, não se esgota nesses pressupostos, abrindo espaço para edições tangentes a alguma electrónica mais abstracta, ao jazz, à música contemporânea e electro-acústica e demais formas incatalogáveis com um sentido de direcção inatacável que se celebra em vários pontos da cidade e que tem na ZDB ponto de paragem natural e obrigatório nos dias 27 e 28. (ZDB)
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
CREATIVE FEST REALIZA-SE DE 24 A 29 DE NOVEMBRO
photo: Ernesto Rodrigues and José Oliveira
A 9ª edição do Creative Fest, o festival que reúne a família da editora Creative Sources, realiza-se este ano entre os dias 24 e 29 de Novembro. Durante seis dias serão apresentados concertos de música improvisada em cinco espaços lisboetas diferentes. O festival arranca no dia 24 na Ler Devagar, na Lx Factory, que acolhe três concertos: quarteto de Paulo Galão, Paulo Gaspar, João Madeira e Alvaro Rosso; trio de José Bruno Parrinha, Ricardo Jacinto e Luís Lopes; e o ensemble "Suspensão", com Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues, Nuno Torres, Eduardo Chagas, António Chaparreiro, Carlos Santos, Miguel Mira e Nuno Morão. No dia 25 o O'Culto da Ajuda recebe a actuação do colectivo IKB, grupo de grande dimensão e formação variável. No dia 26 o Desterro vai acolher duas actuações: duo de Paulo Alexandre Jorge e Manuel Guimarães; e duo de Luís Vicente e Joaquim de Brito.
A Galeria ZDB vai acolher concertos em dois dias, nos dias 27 e 28. No dia 27, sexta-feira, há cinco concertos: solo de Simon Vincent; solo de Maria da Rocha; duo "Sirius" de Yaw Tembe e Monsieur Trinité; trio de António Chaparreiro, Bernardo Álvares e Nuno Morão; e "Lost Socks" de Marco Von Orelli e Sheldon Sutter. No sábado, 28, a ZDB recebe mais cinco concertos: trio de Maria do Mar, Luís Rocha e Adriano Orrú; e ADDAC Quarters, de André Gonçalves, Filipe Felizardo, Nuno Moita e Ricardo Guerreiro; trio de Albert Cirera, Abdul Moimême e Alvaro Rosso; "Angel Trio" de Stephan Sieben, Adam Pultz e Hakon Berre com o convidado Paulo Chagas; e quinteto de Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues, Nuno Torres, Eduardo Chagas e Carlos Santos.
O festival encerra no domingo, dia 29, às 17h00 na Igreja de St. George, com a actuação da Variable Geometry Orchestra, ensemble de grande dimensão que vai reunir no mesmo palco a maior parte dos anteriores participantes no festival. Nuno Catarino (Bodyspace)
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
VEM AÍ UMA SEMANA DE CREATIVE FEST
photo: Ernesto Rodrigues / VGO
Dura toda uma semana, de 24 a 29 de Novembro. É a mais longa edição do festival da Creative Sources, o outro caso de sucesso, a par da Clean Feed, da edição discográfica portuguesa na área da improvisação, com alguma electroacústica e algum jazz à mistura entre mais de 300 títulos publicados. Serão quatro os locais ocupados pelo Creative Fest, a Ler Devagar (Lx Factory), o Desterro, o O’Culto da Ajuda, a ZDB (o único espaço em que o evento se realizará em dois dias consecutivos) e a St. George’s Church, sempre em Lisboa.
Serão três os concertos da Ler Devagar, a 24. Primeiro um quarteto reunindo dois clarinetistas Paulo Galão e Paulo Gaspar, e dois contrabaixistas, João Madeira e Alvaro Rosso, depois o trio de José Bruno Parrinha (clarinetes e saxofones), Ricardo Jacinto (violoncelo) e Luís Lopes (guitarra eléctrica) e finalmente o ensemble Suspensão, com Ernesto Rodrigues (viola), Guilherme Rodrigues (violoncelo), Nuno Torres (saxofone alto), Eduardo Chagas (trombone), António Chaparreiro (guitarra eléctrica), Carlos Santos (electrónica), Miguel Mira (contrabaixo, em vez do seu habitual violoncelo) e Nuno Morão (percussão).
A 25, no O'Culto da Ajuda, será a vez do IKB, colectivo inspirado no tipo de azul ultramarino sintético inventado pelo artista plástico Yves Klein e que conta com uma formação variável reunida a partir da nata da música improvisada, do jazz, da electrónica e das novas tendências praticadas na Grande Lisboa. No dia 26 passa-se para o Desterro, onde haverá uma dupla de duetos, com Paulo Alexandre Jorge (saxofones) e Manuel Guimarães (baixo eléctrico, a sua nova descoberta) e, após intervalo, Luís Vicente (trompete) e Joaquim de Brito (berimbau).
Na ZDB, a 27, serão cinco as prestações. A dois solos de Simon Vincent (electrónica) e Maria da Rocha (violino) seguem-se o projecto Sirius de Yaw Tembe (trompete, electrónica) e Monsieur Trinité (percussão, objectos), o trio de António Chaparreiro, Bernardo Álvares (contrabaixo) e Nuno Morão e os Lost Socks de Marco von Orelly (trompete) e Sheldon Sutter (bateria), ou seja, a metade suíça dos Big Bold Back Bone.
O dia seguinte, ainda na ZDB, abre com o triângulo de Maria do Mar, Luís Rocha (clarinetes) e Adriano Orrú (contrabaixo), este ano estreado no MIA, e o ADDAC Quarters de André Gonçalves, Filipe Felizardo, Nuno Moita e Ricardo Guerreiro, sendo de prever que este estará centrado na utilização dos sintetizadores modulares ADDAC, de Gonçalves. Seguem-se o saxofonista Albert Cirera com Abdul Moimême (guitarra eléctrica preparada) e Alvaro Rosso, o Angel Trio de Stephan Sieben (guitarra eléctrica), Adam Pultz (contrabaixo) e Hakon Berre (bateria) com Paulo Chagas (oboé, flauta, clarinetes, saxofones) como convidado e um quinteto com Ernesto Rodrigues, Guilherme Rodrigues, Nuno Torres, Eduardo Chagas e Carlos Santos.
O fecho faz-se no fim da tarde de 29 de Novembro, na St. George’s Church, com a Variable Geometry Orchestra, juntando a maior parte dos anteriores participantes do festival no prosseguimento do trabalho apresentado no recentíssimo “Lulu Auf Dem Berg”. Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)
terça-feira, 22 de setembro de 2015
EXPERIMENTAL MUSIC IN THE AZORES
photo: Ernesto Rodrigues
Violinist/violist, composer, and improviser Ernesto Rodrigues lives in Lisbon but also has a house on Pico and runs the Creative Sources label, which appears to be a great entry point into current Portuguese improvised music. I first encountered him in a video by artist Emanuel Albergaria, improvising with Gianna de Toni, an Italian guitarist and bassist living in Ponta Delgada, São Miguel, where she teaches guitar in the conservatory. She's involved in various musical activities, playing classical guitar, in symphonies and jazz groups, and in a contemporary folk group with Rafael Carvalho (she's also featured in the version of Roxanne mentioned above). Rodrigues and de Toni can be heard together on the CD Trees, an album of beautiful free improvisations with cellist Guilherme Rodrigues, soprano saxophonist Christophe Berthet, and electric bassist Raphael Ortis. Here is a live recording of Rodrigues in a quartet with Guilherme Rodrigues, Jassem Hindi, and Tisha Mukarji. Steve Peters (Deep Songs)
quinta-feira, 30 de julho de 2015
O OUTRO LADO DA CREATIVE SOURCES
photo: Ernesto Rodrigues, Nuno Torres & Maria Radich
O outro lado da Creative Sources
Se não fossem alguns dos nomes mais conhecidos (John Edwards, Mark Sanders, Jacques Di Donato, Floros Floridis, Alexander Frangenheim, Roger Turner…), a consulta dos instrumentários nas fichas técnicas bastaria para perceber que estes discos não condizem com a orientação habitual da editora. As combinações de timbres são bem mais convencionais, com a clássica secção rítmica com bateria, contrabaixo e, às vezes, piano atrás de um ou mais sopros e de outros instrumentos melódicos e solistas. Ainda que as músicas tocadas fujam aos padrões e pouco fique das jazzísticas hierarquizações de naipes.
Como não podia deixar de ser, esta outra, e menos comentada, vertente da Creative Sources surge com vários matizes. Pode ir desde a mais explícita incursão na estética do grito inaugurada por Albert Ayler, aquilo a que os improvisadores mais experimentais chamam – mal ou bem – ”old school”, até uma música exploratória com vagas ligações reminiscentes com a gramática e o património do jazz. Entre um “estado” e o outro passando por diversos níveis de relacionação com essa matriz, entre distanciamentos e aproximações. Vejamos como, caso a caso… Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)
sexta-feira, 10 de abril de 2015
ERNESTO RODRIGUES - REDUX MAXIMUS
photo: Ernesto Rodrigues, Nuno Torres & Guilherme Rodrigues
Ouvir os últimos registos do improvisador português que mais discos tem editados é observar a presente evolução da tendência de que é o principal representante neste país: o reducionismo. Em análise 14 títulos que revelam as novas características desta corrente e o papel que nelas está a ter o violetista de Lisboa.
Ernesto Rodrigues é o músico improvisador português que tem mais discos editados. A circunstância de ser o responsável de uma etiqueta, a Creative Sources, não é estranha a esse facto, como se torna evidente, mas a verdade é que a sua capacidade de produção parece inesgotável. E sendo ele o protagonista de uma das frentes da corrente reducionista, colocando Lisboa a par de Londres, Paris, Berlim, Tóquio e Beirute, as mais importantes, a quantidade e as características dos títulos que vai publicando permitem que fiquemos com uma perspectiva da própria evolução da tendência estética que, na improvisação, trocou o fraseado pelas texturas e as progressões harmónicas ou os modalismos por um foco no timbre sem tom definido.
Os registos aqui analisados são os seus mais recentes e demonstram bem que o igualmente chamado “near silence” está a sofrer transformações que não há muito julgaríamos improváveis. Uma, e talvez a que tem mais impacto, é a colocação de uma perspectiva de espaço em primeiro plano. Espaço preenchível em termos sonoros e projecção desses sons, espacialização, no local das performances, com a arquitectura, o meio, a definir o que se toca. Outra mudança detectável na música de Rodrigues em diversas formações é a repetição de elementos sónicos e, inclusive, sua articulação até formar uma sentença, algo que se considerava um tabu.
Reposto está igualmente o factor de dramatização com que se tinha cortado para contrariar os excessos expressionistas da “old school”: estão aí novamente as lógicas ascensionais, de clímax e de criação de atmosferas e estados de espírito. O que implica que voltou, também, o sentido de narrativa, por menos linear que esta seja. O reducionismo de Ernesto Rodrigues e dos seus parceiros aumentou de tamanho: é mais activo, mais atarefado. Mesmo que o volume se mantenha baixo, há muitas coisas a acontecer. Mas os próprios decibéis subiram – por vezes, estes desenvolvimentos da escola reducionista parecem encontrar-se com a noise music.
É hoje maior a distância destes álbuns relativamente aos fundamentos originais da “nova música improvisada”, aqueles provenientes do indeterminismo de John Cage e, sobretudo, Christian Wolff, do colectivo de compositores Wandelweiser, do onkyo japonês e da tendência lowercase da música por computador. Neles há um mais solto trabalho de dinâmicas e até é possível encontrar, entre as gerais abstracções, assumidos e convencionais tonalismos.
Não é Ernesto Rodrigues e o reducionismo que se estão a moderar ou a ceder aos usos instalados. Esta continua a ser uma das poucas áreas que mais inovações técnicas e de vocabulário têm trazido à música. Simplesmente, a prática reducionista libertou-se – sinal de maturidade – do peso que alguma inclinação dogmática nela estava a ter. Havia demasiadas proibições para que este tipo de improvisação fosse realmente espontâneo. Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)
quarta-feira, 1 de abril de 2015
TODD McCOMB'S JAZZ THOUGHTS
photo: Ernesto Rodrigues, Carlos Santos, Nuno Torres & Guilherme Rodrigues
Although I described Sediment as "capping" 2014, and indeed it's the latest release I've added to my favorites for last year, there's still at least one more 2014 album to discuss in this space: Primary Envelopment by Wade Matthews & label curator Ernesto Rodrigues on Creative Sources, with Javier Pedreira & Nuno Torres. I didn't hear Primary Envelopment until recently, because I was waiting for the Creative Sources releases to come to USA, but that hasn't happened since the first half of last year — I don't know why. In any case, while having USA distribution is more convenient, between the vagaries of international shipping, and places like Squidco including things like recording dates & sound samples online, the recordings are & have been available straight from the label in Portugal, which is where I turned. I'm dwelling on this aspect a bit, because I'm concerned about people being able to hear the many interesting releases that Ernesto Rodrigues produces. Creative Sources has over 300 titles now (and I'll have to make another order for some of the latest), including many unique offerings. Indeed, I keep learning that a musician whom I "discover" only recently via other channels had a release on Creative Sources years ago. So that's impressive, and Rodrigues obviously has a great ear: The label has a reputation for a lot of similar releases, and Rodrigues's own blog does mention "refinement & restraint" and a focus on texture, but these qualities can make for vastly different results. The label also has quality design & packaging, even if their online information seems a little sparse (like the music?) at times. Todd McComb (medieval.org)
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
SONIC SCOPE FESTIVAL 2015
photo: Ernesto Rodrigues & Carlos Santos
O segundo dia do Sonic Scope arrancou com um quarteto do patrão da editora Creative Sources, Ernesto Rodrigues (foto no topo), com Nuno Torres, Guilherme Rodrigues e Carlos Santos. Em modo reducionista, como estes músicos nos têm habituado, segundo o mote dado pelas várias culturas em que é sinal de sabedoria falar pouco ou em baixo volume. Qualquer guinchar de cadeiras ou chão, qualquer passo de alguém que estava no concerto errado a sair da sala se tornava música a acrescentar a este ensemble que vive tanto da sua precisão cirúrgica como das forças do acaso, criando melodias esquisitas nas entrelinhas (micro-pressão dos arcos, micro-oscilações do sopro, um ligeiro tremer de mão…). A electricidade de Santos foi o sistema sanguíneo a bombear a orquestra de quase mudos, enquanto as cordas evidenciaram bem a madeira de que são compostas e Nuno Torres voltou a demonstrar que o segredo para o melhor som do mundo se encontra na saliva. Bernardo Álvares (Jazz.pt)
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